Alminhas da Trindade
Depois de percorrermos algumas das Alminhas da freguesia de Bagunte, bem como o seu significado, vamos agora até Ferreiró, onde apenas existem estas Alminhas, localizadas junto ao cemitério local.
Estas Alminhas datam de 1892, conforme inscrição, e foram construídas aquando do cemitério da freguesia, datado do mesmo ano. O cemitério, bem como, certamente, estas Alminhas, foram custeados pelo benfeitor da freguesia Joaquim Fonseca da Cruz, Visconde de Santa Marinha, nome que surge associado à Igreja da Santíssima Trindade e sua envolvente.
Recordamos que do processo de transladação das ossadas da Igreja de Santa Marinha para este cemitério resultou um estudo realizado por Ricardo Severo e Fonseca Cardoso, “O Ossuário da Freguesia de Ferreiró”*, que já referimos na publicação acerca da Igreja de Santa Marinha.
Na parte exterior das Alminhas destacam-se o trabalho em pedra da sua fachada, pela qualidade e imponência, a lembrar a fachada de um templo, bem como a inscrição destacada ao fundo, o que normalmente acontece só no interior, “Ó vós que ides passando, lembrai-vos de nós que estamos penando”, dando assim, literalmente, sentido à expressão, na medida em que quem passa, mesmo não se dirigindo ao local para olhar o interior, pode ver a inscrição. De lembrar que a própria localização das Alminhas é num local de passagem, sendo uma das principais entradas da freguesia.
Quando ao seu interior destacam-se os azulejos, com o habitual tema do Purgatório, com a representação de Nossa Senhora com Jesus ao colo segurando escapulários na mão, dos penitentes pedindo ajuda e os anjos que os retiram do fogo, numa alusão à necessidade de oração pelas Almas. Este azulejo é pintado à mão e assinado por J. Oliveira, estando datado do ano de 1983.
*SEVERO, Ricardo; CARDOSO, Fonseca – O ossuário da freguezia de Ferreiró. Portvgalia. Porto. Extrato do Tomo I, fascículo 2 (1900).
Legendas fotos:
- Alminhas da Trindade, 2021;
- Interior das Alminhas da Trindade, 2021.
Texto: José Furtado
Fotos: Diana Araújo